O
título parece um anúncio de vaga de emprego, e na verdade, é. Há exatamente uma
semana após a saída do papa emérito Bento 16 da liderança da Igreja Católica,
as reuniões preparatórias para o Conclave estão em decorrência desde a última segunda-feira.
Esses encontros entre os cardeais têm como objetivo discutir assuntos e
analisar propostas para levar ao novo Pontificado. Os temas discutidos são
absolutamente secretos, ou deveriam ser. Todos nós sabemos que o poder da
Igreja Romana está abalado devido às acusações e escândalos viventes já alguns
anos. Pedofilia, homossexualismo, corrupção e chantagem agregam o câncer da
instituição e são eles que estão fixados no dossiê, entregue ao papa Bento 16
em dezembro do ano passado. Aliás, este documento pode ser um dos motivos pela renuncia
do papa emérito, que alegou desgaste e idade avançada.
O
conclave reunirá 115 cardeais, dentre os elegíveis existem “conservadores”, de “centro”
e “progressistas”. Mas será mesmo que existam “progressistas” na cúpula da
Igreja? Após anos de longos papados, nada se fez para abrir às portas a
modernidade. Ameaçada por escândalos e por o desenvolvimento do mundo moderno,
acredito que a chegada de mais um pontificado conservador poderia findar a era
do catolicismo. Não é difícil prever isso, pois os números de fiéis católicos
veem caindo com frequência e perdendo forças para o protestantismo e por
incrível que pareça, o ateísmo – que cresce de maneira nunca vista antes. Causas
disso são assuntos que são tratados pela Igreja como indiscutíveis.
É extremamente
absurdo um tema como a proibição do uso do preservativo. No ano passado
levantamento indicou 1,7 milhão de casos de doenças pelo vírus da Aids, claro
que este número indicou uma queda de 5,6% ao contrário
do ano de 2010. Porém temos uma doença que mata milhares de pessoas há mais de
30 anos, e só esta semana tivemos uma notícia de quem é bem provável que um
bebê infectado pela mãe foi curado. Oras, temos um caso remoto em meio a milhares.
Porque ainda proibir o uso de um produto que ajudaria a diminuir o risco? Para
ter ideia alguns padres em suas paroquias incitavam o uso da camisinha, na África,
padres e freiras em missões, distribuem o preservativo como forma de atenuar o
caso da doença que é alarmante em países africanos.
Existem
milhares de outros temas como o aborto, o casamento gay e tantos outros. Em uma
sociedade do século XVI atitudes religiosas do século XV, assustam e abalam a credibilidade
de uma instituição. Alguns dizem que a abertura do celibato poderia, possivelmente,
diminuir os casos de pedofilia dentro da Igreja, mas são esses os assuntos que
são calados e reprimidos dentro das paredes da Santa Sé. Já está mais do que na
hora de um progressista assumir o trono de Pedro. O Conclave ainda não tem data
de inicio, por enquanto estamos no período da Sé Vancante (período que o lugar
de maior poder na Igreja fica vazio), e nesses períodos assuntos como estes
veem a tona. Muito se discute na possível escolha de um papa latino-americano ou
negro. Com dois africanos, um americano e uns brasileiros na lista dos mais
cotados, há expectativa de que esteja chegando o momento de a Igreja Católica
Romana eleger seu primeiro líder de fora da Europa. A América Latina que hoje
representa 42%da população católica mundial de 1,2 bilhão é forte candidata a
eleger o próximo líder. Peter Turkson, cardeal de Gana e o brasileiro arcebispo
de São Paulo, Dom Odilo Scherer são nomes bem cotados. Mesmo Dom Odilo tendo
uma personalidade forte e um nome diferencial para a liderança, sua linha é conservadora
e hostil à teologia da Libertação, assim como seus predecessores. Dizeres de um
jornal italiano.
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Dom Odilo Scherer |
Nomes
cotados, especulações a parte, o próximo bipo de Roma (papa) terá pela frente
um imenso e árduo caminho: Tomar atitudes sobre as denuncias secretas de um dossiê
de mais de dois volumes com 300 páginas cada, e um mundo onde o catolicismo de
vê em risco.
Por: Renato Cavalcante